Por Mário Beja Santos ||| As vacinas são a melhor arma que temos para combater as infeções, salvaram mais vidas que qualquer outra intervenção médica, protegem-nos contra doenças infeciosas que em tempos idos mataram milhões e milhões de pessoas. Contribuíram para reduzir significativamente a taxa de mortalidade infantil. É através da vacinação que o nosso sistema imunitário é estimulado a produzir os anticorpos, partículas produzidas pelo nosso organismo de modo a lutarem contra a doença e que se combinam com antigénio (partículas estranhas ao nosso organismo), anulando assim o seu efeito. A ação das vacinas é preventiva, é uma das diferenças em relação aos medicamentos clássicos, importa lembrar que os efeitos das vacinas não são percetíveis (a doença não é contraída ou assume uma forma atenuada) ao contrário dos medicamentos, lembra-se também que as vacinas são administradas em indivíduos saudáveis e os medicamentos em indivíduos doentes. A vacinação é um direito básico de todos os cidadãos e enquadra-se na estratégia dos direitos sociais. Portugal dispõe do Programa Nacional de Vacinação que engloba uma série de vacinas contra as doenças com maior potencial para se tornarem ameaças para a saúde individual e para a saúde pública. Sendo estes resultados cientificamente irrefutáveis, parece ter-se avolumado com a pandemia do COVID-19 um movimento negacionista anti-vacinas. É bem provável que uma certa adesão decorra do facto das novas gerações deixarem de ter testemunhado as graves consequências associadas a doenças como a varíola ou poliomielite. O caldo de cultura destes movimentos anti-vacinação baseia-se em meras presunções e visões apocalíticas, fazem espalhar mitos, medos e hesitações. Dizem que as vacinas têm efeitos secundários graves e permanentes, é tudo mentira, as vacinas são bastante seguras e os efeitos indesejáveis mais frequentes são ligeiros e de curta duração. Propagam que é boa higiene e as boas condições sanitárias que eliminam as doenças, é tapar o sol com a peneira, as boas práticas de higiene são incontestavelmente importantes, mas sem a vacinação em grande escala a disseminação de várias doenças infeciosas ocorreria de qualquer das formas. Alegam que as doenças evitáveis pela vacinação estão praticamente erradicadas entre nós e não se justifica que nos vacinemos nem os nossos filhos. É puro delírio, mesmo que a doença já não exista no nosso país, não significa que tenha sido erradicada de outras partes do mundo, a globalização, por definição, acarreta o risco de exportação dessas doenças, por isso todos nós devemos ser vacinados. Há mesmo uma corrente esotérica que diz que as vacinas podem provocar autismo. Trata-se de um mito que surgiu na sequência de um estudo que relacionou a administração de uma determina vacina com a ocorrência de autismo, estudo este, tal como veio a saber-se depois, pejado de graves falhas e hoje totalmente desacreditado.
Mas manda a verdade que se diga que as vacinas são globalmente seguras, mas há exceções que podem limitar a sua utilização. As verdadeiras contraindicações para vacinar são a reação alérgica grave a uma dose anterior da vacina ou a algum dos seus constituintes (exemplo: caso da vacina da gripe em pessoas com alergia grave ao ovo), a imunodeficiência grave, apenas para as vacinas vivas (BCG, sarampo, rubéola, papeira, varicela, rotavírus), gravidez, apenas para as vacinas vivas. No caso da vacina da tosse convulsa, se surgiu encefalopatia nos 7 dias seguintes à toma anterior, sem outro motivo conhecido. Não vá em atoardas, não dê credo a estes movimentos anti-vacinas, fale com o seu médico ou seu farmacêutico. UA-48111120-1
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AutorEdição Mais Norte Histórico
Abril 2025
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