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– Por João Joanaz de Melo, Professor universitário,
dirigente do GEOTA (Texto original publicado em AmbienteOnline, em 11.07.2014) Em Portugal existe uma doença endémica: a tara do facto consumado. Ultrapassar esta doença exige uma mudança radical de mentalidade e um foco de atenção. O caso Foz Tua pode ser um caminho para a cura. Em Portugal existe uma doença endémica, ainda não descrita pela ciência: a tara do facto consumado. É esta doença que leva à passividade perante a corrupção e incompetência, aos fracos hábitos associativos e de participação cívica, e que permitiu o desperdício de dezenas de biliões de euros em obras públicas inúteis: auto-estradas sem carros, estádios sem espectadores, escolas sem alunos, aeroportos sem aviões, barragens inúteis para o sistema energético. Em última análise, é esta a doença que levou à crise orçamental e económica. Perante estes desacatos, o comum dos cidadãos encolhe os ombros e suspira: “eles” fazem o que querem, “nós” não podemos fazer nada. Só há uma cura para a tara do facto consumado: é pegar em casos concretos escandalosos, aparentemente consumados, transformá-los de casos perdidos em causas a ganhar, e trabalhar a sério para a inverter a situação. O tratamento exige força de vontade, como um toxicodependente que se quer livrar do vício. A Plataforma Salvar o Tua (PST), pela voz do seu Coordenador Técnico, João Joanaz de Melo, acusa a EDP de vários incumprimentos na construção da barragem, nomeadamente o denominado “plano de imobilidade”. Além disso, enfatiza a associação, a barragem tem apenas construído cerca de 2% do seu volume total, pelo que pode ser parada a qualquer momento.
Segundo Joanaz de Melo, “o que é importante na posição dos viticultores [do Douro] é que ela foi tomada, e reuniu um número elevado de produtores representando marcas importantes”, não considerando que a posição já vem tarde. “Muitos destes produtores já se tinha manifestado antes contra a barragem de Foz Tua, em público ou em privado, alguns por ocasião da aprovação da barragem em 2009, outros quando da missão da UNESCO em 2012. Simplesmente, como não tinham à sua disposição a máquina de propaganda da EDP e do Governo, nem um movimento organizado, as suas posições foram ignoradas.” BARRAGEM FOZ TUA: "Autoridades com dúvidas sobre utilidade pública da barragem de Foz Tua"15/7/2014
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