Por Mário Beja Santos ||| Logo o título, digno de um romance, e acredite o leitor que a viagem proporcionada por Susana Neves mete história, botânica, religião, algo mais, mas a estrutura óssea da obra tem o clímax de um belíssimo romance histórico; nunca uma mata, neste caso o bosque dos carmelitas descalços, teve o condão de nos agarra pela gola desde a primeira página até chegarmos à explicação do título, algo parecido com a procura da elevação extrema, o acesso ao sagrado assumindo frontalmente todos os riscos que lhe estejam associados, a fusão do ego com o divino.
Já na despedida da sua viagem, a autora ainda adianta: “Em termos ontológicos, o amor ao precipício supõe não ter medo do sagrado, ou seja, da sua profundidade, inexplicável racionalmente, e da vida que também o manifesta com subtil intensidade. Significa não ter medo de correr todos os riscos, exceto o risco maior de não viver já neste mundo na presença insondável e deleitosa da clara luz do Divino, mesmo quando esta se revela sob a forma de uma sombra.” Por Mário Beja Santos ||| Alterações Climáticas por Filipe Duarte Santos, Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2021, é um belo exercício de divulgação científica, mas que o leitor se precate, trata-se de uma súmula do conhecimento científico atual sobre as alterações climáticas, de algum modo impõe-se o rigor da linguagem, do princípio ao fim. Este conceituado investigador começa por descrever com minúcia o mecanismo através do qual determinadas atividades humanas estão a alterar o clima, e daí a necessidade em expor conceitos sobre meteorologia e clima para mais facilmente se compreender o que se está a passar. Seguidamente descreve as respostas que existem e as que estão a desenvolver-se para enfrentar o problema, aqui se abre espaço à política climática internacional, aos debates económicos e às questões da justiça climática e da ética. Na sequência destas temáticas, o autor aborda a relação muito próxima entre as alterações climáticas e grande parte dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030. Como ele observa, as alterações climáticas condicionam de várias formas a sustentabilidade da atual civilização. E o ensaio conclui com um apontamento alusivo à mitigação destas alterações e mostra o que se está a fazer ao nível da União Europeia e do nosso país.
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