Por Mário Beja Santos ||| É do senso comum que os medicamentos só devem ser tomados quando há uma real necessidade, ou seja, quando o médico os prescreve após a avaliação do estado do doente ou quando o farmacêutico os recomenda para alívio do mal-estar ocasional. É condição essencial que quando o doente se queixe junto dos profissionais seja claro e completo na descrição dos seus sintomas e os informe de qualquer doença crónica que eventualmente possua e, ainda, acerca de todos os medicamentos que toma regular ou esporadicamente. O uso racional do medicamento é a pedra de toque nos benefícios para a saúde, prevenindo riscos evitáveis que decorrem de escolhas à toa, irregularidade nas tomas. Nada melhor que exemplificar com dois quadros de uso de medicamento, para se ver como há ganhos em saúde dialogando com o médico ou o farmacêutico. Vamos começar pelos laxantes. Constituem um grupo de medicamentos muito diversificado quanto às substâncias ativas que possuem. Existem isolados e em associação, com potências diversas assim como quanto aos efeitos secundários, contraindicações e interações. Quanto são muito potentes, ocasionam perda elevada de água e de sais minerais que podem levar à desidratação e outras consequências graves sobretudo na população idosa. Também não podem ser administrados a grávidas pelo risco de aborto. Os laxantes com magnésio constituem também um problema grave para doentes com insuficiência renal, idosos e outros doentes, pela acumulação e toxicidade cardíaca ou do sistema nervoso central. Laxantes sob a forma de supositório ou clister devem ser utilizados raramente porque são irritantes e podem até agravar o hemorroidal. Há laxantes que não podem ser tomados pela mulher a amamentar porque são eliminados pelo leite e ocasionam diarreia no lactente. Como se vê, a toma do medicamento é personalizada e a escolha responsável evita que o doente fique mais doente.
Vejamos agora a contraceção de emergência. É um método aplicado para evitar a gravidez após uma relação sexual na qual não foram utilizados contracetivos ou quando houve falha no método utilizado. Para garantia da efetividade, é fundamental seguir cuidados rigorosos com a posologia, sendo que a toma deve ser efetuada o mais rapidamente possível após a relação sexual, pois se for tomada tardiamente não será eficaz. Este método contracetivo destina-se apenas a situações ocasionais e não deve ser administrado em diversas situações. Obriga ao uso de outros métodos contracetivos nas relações sexuais existentes durante o ciclo menstrual em que se realizou a toma de contraceção hormonal de emergência. Não protege contra doenças sexualmente transmissíveis. Pode ser tomada durante o aleitamento, embora seja excretada pelo leite materno. Esta contraceção de emergência não pode ser utilizada na presença de alterações da função hepática. Isto para sublinhar que a mulher deve conhecer muito bem estes medicamentos quando se dispõe a tomá-los, deve pedir aconselhamento da mesma maneira que deve contar sempre com o farmacêutico quando precisa de analgésicos, antiácidos, tratar do nariz entupido, da prisão de ventre ou da febre. Dialogando, obtém-se informação segura; aceitando e aderindo à informação, chega-se mais facilmente ao uso racional do medicamento e à obtenção de saúde. Não há literacia em saúde sem comportamentos responsáveis na gestão do medicamento, esta gestão depende da informação que prestamos ao médico ou ao farmacêutico. Não esqueça, quando somos responsáveis há ganhos em saúde, e esta agradece. UA-48111120-1
Os comentários estão fechados.
|
AutorEdição Mais Norte Categorias |