Males de Inverno: não tome medicamentos à toa

Por Mário Beja Santos ||| ​O clima invernal predispõe as pessoas a estarem mais tempo em ambientes fechados e, simultaneamente, sujeitas a alterações bruscas de temperatura. Trata-se de uma época propícia ao aparecimento e à transmissão rápida de infeções das vias respiratórias – é o caso da constipação e da gripe. Estas infeções víricas podem prejudicar gravemente a saúde de muitas pessoas, designadamente seniores, doentes crónicos (cardíacos, asmáticos, doentes do foro broncopulmonar, imunodeprimidos), crianças, entre outros. Numa constipação podem ocorrer complicações com infeções bacterianas (caso de pneumonias ou sinusites) e estados debilitantes para o agravamento das doenças de base.
A gripe é uma infeção viral mais grave que a constipação. Estamos perante duas infeções provocadas por vírus distintos e como resultado a constipação nem sempre aparece associada a febre, mas traz desconforto das vias respiratórias superiores. A gripe eclode geralmente de um modo súbito, manifestando-se com febre alta e dores musculares intensas, obrigando em muitos casos a ficar vários dias de cama.

Mas as condições do período invernoso também podem favorecer o agravamento de doenças preexistentes caso do “reumatismo”, as doenças respiratórias e cardíacas. Recorde-se que para um doente com angina de peito, o facto de caminhar ao frio ou contra o vento favorece ataques de angina ou mesmo enfarte do miocárdio. Temos aqui todos os motivos para nos tratarmos com absoluta segurança: não se fie nos conselhos do vizinho nem no que diz a publicidade. Há dezenas de apresentações diferentes dos medicamentos para a constipação, por exemplo. Uns só atuam se tiver o nariz a pingar e entupido; existem casos em que se precisa de outro medicamento em que houver dores no corpo; há medicamentos que não fazem parar o pingo do nariz, mas aliviam o nariz entupido. Todo isto para dizer que nos casos mais rebeldes da gripe é o médico quem prescreve e nos outros devem contar sempre com o aconselhamento farmacêutico.
No caso das doenças benignas do período invernal, coloque as suas preocupações ao farmacêutico, explicando as doenças eventualmente existentes para que ele possa indicar a melhor forma de tomar um medicamento com efetividade e segurança. Recorra também ao seu farmacêutico logo que sinta os primeiros sinais de constipação ou gripe. Conte também com este profissional de saúde para ele lhe recomendar medidas não medicamentosas que contribuam para a melhoria das queixas ou ainda para evitar que elas ocorram. Em todas as estações do ano, os medicamentos são substâncias complexas, sejam eles prescritos pelo médico ou não. O seu uso sem recorrer à farmácia envolve riscos para a saúde e por isso é que existe a dose máxima diária, a exclusão de certas substâncias, como a aspirina.
É tempo propício para pensar nas vantagens da literacia em Saúde. Insista-se que na constipação há dezenas de medicamentos diferentes, têm composições diferentes, pelo que os sintomas que são aliviados também diferem: uns servem para o nariz a pingar e entupido sem febre, outros se tiver febre ou dor no corpo, aqueloutros apenas baixam a febre e aliviam as dores. Há aspetos a ter em conta, e que fundamentam o aconselhamento farmacêutico: há medicamentos que não fazem parar o pingo do nariz mas aliviam o nariz entupido, a febre e dores musculares e a tosse; outros não aliviam o nariz entupido mas ele deixa de pingar. Todos estes medicamentos apresentam precauções de utilização: uns não podem ser tomados por pessoas com problemas de estômago, como gastrite ou úlcera; outros não podem ser tomados por doentes asmáticos e alérgicos; outros não podem ser usados por doentes cardíacos, por hipertensos, pessoas que tiveram enfarte, arritmias com pulso rápido; alguns são perigosos quando usados muito tempo, porque podem ocasionar hemorragias cerebrais. Isto é uma amostra dos cuidados que devemos ter na toma de medicamentos em tudo quanto seja constipação e gripe. Use e abuse do aconselhamento farmacêutico.