Por Mário Beja Santos ||| Impossível abordar os princípios do envelhecimento ativo o bem-sucedido sem lhe associar um programa contínuo de prevenção, é esta que contribui para sensibilizar o sénior para as dificuldades inerentes à idade avançada: porque a idade é inelutável, mas devemos e podemos ajudar a retardá-la. É do senso comum que a perda de autonomia, inesperada ou progressiva, assenta numa fragilidade ou num conjunto de fragilidades, daí ser indispensável uma política orientada para a prevenção para atenuar tais fragilidades e tornar mais sólida a autonomia. A intervenção preventiva tem múltiplas dimensões, logo cabe-lhe identificar os pontos mais sensíveis, prioritários, para o estabelecimento das ações preventivas. Logo aqui intervém o geriatra, chamando à atenção para várias realidades: a questão do peso, a diminuição da força física, a quebra na resistência, a lentidão, a deterioração cognitiva. Os profissionais de saúde e os agentes sociais deverão ser preparados para comunicar aos seniores o alerta das fragilidades: é indispensável manter os vínculos sociais e combater o isolamento; alertar para os traumatismos físicos e psicológicos, eles destabilizam qualquer sénior, seja a perda do ente querido ou uma hospitalização; a falta de recursos de apoio social e de uma unidade de saúde de proximidade.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define três níveis de orientação: a prevenção primária (conjunto de meios para impedir o aparecimento de transtornos ou patologias), secundária (deteção precoce das doenças) ou terciária (evitar as complicações e a degradação inerentes a uma deficiência). Por que razão não se institui tal política de prevenção? No contexto orçamental como o existente, põe-se sempre em dúvida a mais-valia de uma política generalizada de prevenção, até porque os especialistas sentem uma enorme dificuldade em identificar os públicos-alvo. Tudo fica remetido para os apoios sociais da Administração, das autarquias, das misericórdias, as aulas de ginástica para os seniores, os ateliês de trabalhos manuais nas juntas de freguesia, as excursões, as academias sénior, o médico de família (quando o há), as urgências hospitalares, algumas campanhas de sensibilização nos meios de comunicação social, o acolhimento nas unidades de saúde, o apoio que a GNR dá às populações isoladas, o trabalho meritório das associações de doentes, e um pouco mais. Parece haver hoje o imperativo de criar uma coordenação para a prevenção no envelhecimento, no fundo cobrindo praticamente toda a ação governamental e autárquica, das instituições filantrópicas e de muitas organizações não-governamentais, mapeando o que há e se impõe fazer para contrariar o sedentarismo e a falta de atividade física regular, estimular o trabalho das academias sénior, dos cuidadores informais, divulgar por todos os meios programas de prevenção das quedas, associar as autarquias, as associações de doentes a campanhas de sensibilização para os cuidados do regime alimentar adequados às necessidades do sénior, enfim, criar condições para a prazo se poder chegar a um plano nacional de envelhecimento saudável, conjugando todos os atores em presença, assegurando boas escolhas de comunicação para informações e conselhos com vista a retardar a perda de autonomia, apelar ao contributo das ordens profissionais de saúde para este tipo de sensibilização em que estão ativos tantos promotores de saúde. Temos todos a ganhar com a coordenação deste tipo de atividades, estimular as parcerias para que a prevenção no envelhecimento se torne a curto prazo um seríssimo fenómeno social, um importante indicador do nosso desenvolvimento. UA-48111120-1
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