Por Mário Beja Santos ||| Voltamos aos ensinamentos da insigne reumatologista Mário Viana de Queiroz. Numa obra sobre reumatologia geriátrica observa que os reumatismos ocupam o primeiro lugar da prevalência das doenças crónicas, além de serem as doenças de maior morbilidade, são as responsáveis pelos internamentos hospitalares mais prolongados; os medicamentos “antirreumáticos” ocupam o primeiro lugar na lista de vendas da indústria farmacêutica e os reumatismos são o grupo de doenças que originam maior número de perdas de dias de trabalho e maior número de reformas por invalidez. Há muitas doenças reumáticas, basta recordar a artrite reumatoide, a esclerose sistémica, a gota, as lombalgias e espondilose. Mas vamos fazer referência à fibromialgia que, deploravelmente, ainda uma parte da entidade médica desvaloriza. Ela caracteriza-se por dor músculo-esquelética difusa e crónica, fadiga, que não melhora com o repouso, por dor numa série de pontos. Os fatores de risco para a fibromialgia são o sexo (predominantemente o feminino), as pessoas que têm história de outros casos de fibromialgia na família; os indivíduos que tiveram anteriormente doenças dolorosas; as pessoas que tiveram previamente doenças cujo prognóstico foi causa de preocupação.
Desconhece-se a causa da fibromialgia, mas não há dúvida que na fibromialgia há uma alteração do sistema de controlo da dor. Embora 25% dos doentes apresente perturbações psicológicas, a fibromialgia não é uma doença psiquiátrica e não é necessária a existência de anomalia psicológica para o seu desenvolvimento. Parece, contudo, haver uma história de depressão durante a vida dos doentes e dos seus familiares superior à dos indivíduos normais. Os doentes com fibromialgia são, por via de regra, extremamente perfecionistas na sua profissão, em casa e, inclusivamente, nas suas atividades de lazer, tendo grande dificuldade em se relaxar física e psicologicamente. Não existe um tratamento específico para a fibromialgia. A atitude mais eficaz parece ser uma combinação de apoio emocional com terapêutica não-farmacológica e farmacológica. Muito importante é o diagnóstica correto, uma vez que a crença do doente no diagnóstico e a confiança no médico são, por si só, redutores da dor e da tensão psíquica. Os objetivos da terapêutica não-farmacológica (sem medicamentos) são: ganhar e manter uma boa condição física, ter uma boa estática corporal, manter os músculos flexíveis e relaxados, e aliviar a tensão psíquica e regularizar o sono. O tratamento farmacológico pode efetuar-se, por exclusiva prescrição médica, recorrendo a um medicamento antidepressivo ou com um relaxante muscular, e havendo depressão associada com a fluoxetina e com o alprazolam. Quando a dor é intensa, podem prescrever-se analgésico potentes ou anti-inflamatórios não esteroides. Um aspeto muito importante é melhorar a qualidade e a quantidade de sono que se deve fazer deitando-se cedo e sempre à mesma hora; quarto em silêncio; não tomar álcool nem café nas horas que precedem o deitar; fazer exercício e técnicas de relaxamento e usar hipnóticos indutores do sono. UA-48111120-1
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