“De Volta à Praça” regressa no próximo fim de semana, 11 e 12 de setembro, em Marco de Canaveses.
Serão dois dias de animação para pequenos e graúdos, com espetáculos de circo, teatro e dança e oficina de circo e marionetas para toda a família, tudo com entrada gratuita. A Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa é um dos parceiros do projeto “De Volta à Praça”, liderado pelo Coliseu do Porto, em parceria com o Teatro Nacional São João. #marcodecanaveses #cimtamegaesousa Por Mário Beja Santos ||| O que há de mais eletrizante no romance Angoche, Os fantasmas do Império, de Carlos Vale Ferraz, Porto Editora, 2021, é o aproveitamento de um enigma aparentemente irresolúvel para viajarmos aos derradeiros anos da vida imperial portuguesa. Um navio mercante partiu de Nacala em 23 de abril de 1971, com destino a Porto Amélia (hoje, Pemba). Ia com 24 almas e um importante carregamento de material de guerra. No dia seguinte, um petroleiro encontra o Angoche à deriva, incendiado e sem ninguém a bordo, parecia mais uma dessas histórias de navios-fantasmas. Abre-se inquérito, especula-se quanto ao facto de ter havido duas explosões, atribuiu-se tudo ao terrorismo. Depois do 25 de Abril, os relatórios da PIDE/DGS. O romance do autor da obra-prima Nó Cego questiona a moralidade e o egoísmo, mas o que ficará desta digressão e inquirição, onde se aparenta um trabalho de escrita de crime e mistério, muita conversa do autor com o tio de Dionísio na Ericeira, é irmos às entranhas da guerra em Moçambique, forjam-se amizades entre os homens da Marinha, o capitão-tenente Dionísio era então oficial de informações e as nótulas históricas que o autor introduz como de primordial importância, não exatamente para apurar o desempenho de temíveis serviços secretos sul-africanos que se teriam servido do Angoche para mandar um sério aviso – Moçambique não poderia ser independente. Dentro do círculo em que se move Dionísio há uma ou outra figura que recebe destaque, Saúl, sabia muito de missa sobre o Angoche, entram no terreno literário os homens do BOSS, os Serviços de Informação e Segurança da África do Sul. Era logo evidente na primeira fase de inquérito a contradição das mensagens, houvera manipulação ou distorção para que a mentira falasse mais forte.
O Município do Marco de Canaveses lançou nova plataforma digital de turismo, com site e uma nova APP. O evento foi apresentado pela presidente da Câmara, Cristina Vieira, que contou também com a presença do 1. secretário da CIM do Tâmega e Sousa, Telmo Pinto.
Quer a plataforma quer a APP está disponível em quatro idiomas: português, inglês, francês e espanhol. Pode consultar em: https://visit.marcodecanaveses.pt/ #Turismo #Marco #marcodecanaveses Município do Marco de Canaveses Por Mário Beja Santos ||| Vai para cinquenta anos que adquiri um livro da Ulisseia, tinha uma capa de pano, cor torrada, um formato muito curioso que quase lembrava um livro de bolso, e pronto enveredei num romance dito histórico, em que o imperador Adriano se propõe contar a sua vida, já está muito doente, é um poderosíssimo César que veio de Hispânia, não esconde o fascínio pela cultura grega, tem a consciência que vive num mundo convulso dos politeísmos, é um admirador da filosofia, foi temível militar, incensado por ter conseguido travar os bárbaros a leste, é dotado de uma cultura esmerada, como ele escreve através da romancista que lhe dá vida: “Só disponho de três meios para avaliar a existência humana: o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos; a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou para nos convencer de que os têm; os livros, os erros particulares de perspetiva que nascem entre as suas linhas. A palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana, assim como as grandes atitudes imóveis das estátuas me ensinaram a apreciar os gestos”. Quando procurei apurar o número de edições deste livro soberbo, fiquei surpreso pela quantidade e pela proximidade das edições, é sem dúvida um romance que supera a vaga das modas. Não tenho dificuldade em entender a promoção contínua desta leitura. Prima a serenidade da escrita, por detrás do que uma romancista culta plasma com ilusão de memórias estão décadas de estudo, aliás como no final da obra Yourcenar nos descreve nos seus apontamentos.
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