De há muito que estamos habituados a que as Edições 70 publiquem obras de invulgar qualidade gráfica e científica. O que abona o aplauso que endereçamos a “100 anos de fotografia científica em Portugal”, coordenação de Fernanda Madalena Costa e Maria Estela Jardim, Edições 70, 2014. Obra incontornável, adiante se verá. No século XIX, o desenvolvimento da fotografia será muitíssimo bem acolhido pelas especialidades científicas e, como círculo virtuoso, assistir-se-á ao incremento de novas técnicas fotográficas, tratou-se de um casamento perfeito. Como aliás se diz na introdução da obra, a ciência foi muitas vezes o motor do desenvolvimento da fotografia. Este admirável novo mundo da cultura visual irá popularizar a ciência, a imagem fotográfica passará para o primeiro plano dos grandes eventos. Na Grande Exposição de Londres, de 1851, uma das maiores atrações foram as fotografias científicas astronómicas; a fotografia da Lua deu brado. Os cientistas, caso do Príncipe Alberto I de Mónaco, grande explorador oceanográfico, exibiu fotografias e instrumentos oceanográficos na Exposição Universal de Paris de 1889.
Por Beja Santos - É muito bela a escrita de Margarida Fonseca Santos, tanto na área infanto-juvenil como na ficção para adultos e escreve igualmente linhas de orientação para aqueles que gostam de dar vida às palavras. O seu romance “De zero a dez, Encarar a dor crónica, as limitações e os medos. A força para superar os obstáculos do dia-a-dia”, Clube do Autor, 2014, é uma obra inspiradora, terna, quem procura combater a dor crónica e uma vida cheia de adversidades e de dependências, tem nesta narrativa uma estrela polar, nela encontra referências plausíveis para lidar com problemas de saúde crónicos, é um livro que exalta a esperança, que dá confiança na responsabilidade dos autocuidados e no empenhamento para a felicidade. Por Beja Santos - Biografia originalíssima, bem urdida, esclarecedora, sabe abraçar num percurso aliciante os quarenta anos do Ar.Co, uma escola alternativa que se empenhou, na fase final do regime de Marcello Caetano, em encontrar uma resposta a todos aqueles que não aceitavam (e não aceitam) o ensino convencional das Belas Artes e da comunicação visual. “NÃO, uma biografia do Ar.Co”, por Maria Antónia Oliveira, Sistema Solar, 2014, é uma viagem à génese e às vicissitudes do ensino ministrado no n.º 19 da Rua de Santiago, ali bem perto do miradouro de Santa Luzia e à escola de Almada. Por Beja Santos - O livro intitula-se “Portugal e o fim do colonialismo. Dimensões internacionais”, com organização de Miguel Bandeira Jerónimo e António Costa Pinto, Edições 70, 2014, e faz parte da nova reflexão historiográfica sobre a evolução do pensamento colonial a partir da criação do sistema das Nações Unidas e do relacionamento que se estabeleceu entre a diplomacia de Salazar e os mais próximos aliados: EUA, Grã-Bretanha, França e RFA, África do Sul e Brasil. São sete textos que têm uma articulação própria, trata-se de um longo transcurso sobre as condições do trabalho reforçado e as reformas a que obrigaram o império colonial português os críticos de todas as proveniências. A crise e a salvação dos portugueses: apesar das contrariedades, temos tido uma “rica vida”21/11/2014
Por Beja Santos - Pelo título e pelo que se escreve na contracapa, o livro chama logo à atenção para todos os desventurados da austeridade que esperam por dias melhores: “Rica Vida, crise e salvação em 10 momentos da história de Portugal”, por Luciano Amaral, Publicações Dom Quixote, 2014. Os portugueses estão reféns de credores, no momento presente, estamos condicionados, atolados na dívida soberana. Mas Luciano Amaral minimiza os desgastes o e desânimo com que nos debatemos, diz que somos um país com um historial de sucesso, temos fio condutor exemplar de sobrevivência às crises políticas, económicas e às suas elites. E traça, da sua lavra, uma perspetiva histórica de 10 momentos que nos fizeram chegar a este presente brumoso e inquietante: tivemos o faroeste (a fundação da nacionalidade), a primeira crise com a escolha de D. João I; fomos até Ceuta e mais além; tivemos um sultão em Lisboa, um rei com olho para a contabilidade que queria saber o que arrecadava das especiarias da Índia; tivemos a segunda crise, com a morte de D. Sebastião e a união ibérica; depois da Guerra da Restauração vivemos a quimera do ouro que foi muito útil para D. João V edificar o Convento de Mafra; a terceira crise foi marcada pelo alvoroço e as rapinas das invasões napoleónicas, parecia que o país ia ser apagado do mapa; seguiu-se a revolução liberal, primeiro ocorreu o cataclismo da guerra civil e depois o fontismo; o rotativismo levou a monarquia ao charco, a república saldou-se em descontentamento geral, chegara a hora de Salazar pôr os seus planos em prática, a que Luciano Amaral chamou o “camponês de Lisboa”; e agora não sabemos para onde vamos, se houver integração orçamental europeia será o fim de Portugal. BEJA SANTOS - David Leavitt é nome aclamado da literatura norte-americana atual. “Dois Hotéis em Lisboa, Uma história de amor na Lisboa dos anos 1940”, Quetzal Editores, 2014, é o seu mais recente romance. Sobressai o registo da atmosfera, a Lisboa dos refugiados e a sofisticada relação de dois casais, Pete e Julia Winters, expatriados americanos e que tinham vivido em Paris, e Edward e Iris Freleng, também norte-americanos, criadores literário e boémios. Residem nos dois hotéis de nome Francfort, dissimulam mal a tensão e a total insegurança em relação a tudo. É um romance de enganos labirínticos, que se percorrem pastosamente, como na tragédia grega vai-se anunciando um clímax quando um navio se prepara para os repor nos EUA.
|
AutoresBEJA SANTOS Arquivo
Junho 2016
Categorias
Tudo
|