Por ARMANDO MIRO – Jornalista Verão é estação de “toleima”. Já estamos habituados, e por isso não ligamos às barbaridades que se dizem e até às que se fazem. Porém, há coisas que, sendo demasiado sérias, acabam por produzir os seus efeitos nefastos. Há até quem, sabendo disso, se aproveita para dar as facadas. No fim de tudo é sempre o mesmo a sofrer e a pagar: O Zé, seja ele trabalhador, desempregado ou reformado... Há alguma falha orçamental? Vai-se a eles... Uns quantos, que são poucos e por isso poderosos, acham-se ungidos e detentores do poder e da verdade absoluta. Além do confisco permanente onde lhes cheire a matéria colectável, peroram e legislam explicando o seu efeito como se fosse precisamente o contrário do que é. Por cá disfarça-se a ignorância com tiradas de arrogância. Lá fora amoucha-se a grimpa como obedientes e fiéis servidores. Não haverá escrutínio para esta gente? A única voz que o Zé tem, pois a da rua já lha fizeram perder há muito, é a do voto. Mas, além de ser raramente ouvida, sabem que o clubismo, o alijar culpas e a “repetição” emblemática no boletim que oblitera os candidatos, resolvem a questão. Já não falo na «Comunicação Social» pois é coisa que já quase não existe, embora não faltem meios que como tal se intitulam.
Aqueles sabem que, se são crentes, o mal que fizerem terá perdão ou compra de remissão de pecados. E se não são, sabem que, quem vier depois, dificilmente encontrará as provas que maquiavelicamente urdiram ou destruíram, podendo até pretender dar continuidade à “obra”. Um exemplo interessante da ignara/arrogância é o do Acordo Ortográfico. Foi feito para facilitar a vida aos outros que afinal não o aceitam. A recém chegada Guiné Equatorial nem sabe o que isso é. Os que criaram a “Mátria” é que têm de se haver com as mudanças, matando a evolução natural da língua e a sua mais que demonstrada criatividade. Quanto à Justiça, além das atribuladas mudanças para que tudo fique na mesma ou ainda pior, bastava que ela a todos tratasse por igual, o que não faz. Andaram a construir ou remodelar «Palácios da Justiça» por tudo o que é sítio, e agora fecham as portas. Não faltará muito para os vender em almoeda sigilosa. Quanto à Assembleia da República e às Comissões de Inquérito o problema é mitigado, pois os sem voz não têm lá lugar. Os que são “ouvidos” também são alvo de diferenças de tratamento e cortesia, ou no que se pergunta ou quer saber. Conforme a origem, a direcção é sempe o outro e não ele, e o perjúrio e falsidade que para uns é real e evidente, aos outros soa-lhes a música. Acaba tudo em segredo que não pode ser revelado. Na propriamente dita as diferenças são mais gritantes. E não é só pelo acesso a causídicos dos que podem para, de batalha em batalha, chegarem à vitória final. Coitados, mesmo quando as coisas prescrevem pelas suas artimanhas, arvoram um falso pesar pois “queriam ir até ao fim para que se fizesse justiça”, e provar a sua “alegada” inocência. Quem “pode” e é detido vai a tribunal em apresentação voluntária e direito a entrada secreta, enquanto os outros vão de ramona com direito a televisão. São os “expostos da roda”. E se é roubo para matar a fome, sem qualquer despesa para o roubado pois é «crime púbico», a sentença é forte, rápida e pretensamente dissuasora. Já os da finança”, com tudo feito às “escondidas”, têm o beneplácito da presunção de inocência, respeito à privacidade, medidas de coacção pelos mínimos, e os prazos de inquérito e investigação dilatados ao infinito até esquecer sem julgamento. E se ao que roubou para comer nem dão tempo para isso ou há “rigorosa investigação” para encontrar o paradeiro, ninguém perguntará onde estão, como desapareceu, a quem se deu, como foi o sumiço, que veículo ou «modus operandi», como tanto gostam os investigadores de sentenciar quando apanham um incauto, os muitos milhares de milhões, seja na compra de uma simples pistola até um torpedeiro ou submarino, seja num banco ou noutra qualquer negociata. Quando andava pelo JN, havia um título “sacramental” para os pequenos casos de polícia: os amigos do alheio... De quem e de quê será amiga aquela “gente grande”? Cogitando uma solução, pois já se viu que a «regulação» não funciona (Constâncio volta que estás perdoado), só uma lei com apenas um parágrafo e que garanta, sem apelo nem agravo, prisão imediata e perpétua sem revisão ou condicional a quem fizer uma falcatrua deste jaez. Bem sei que poderia haver quem, fazendo-o, garantiria o futuro de amigos ou (e) família. Mas em gente desta laia haverá quem se sacrificasse a este ponto? UA-48111120-1
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Junho 2016
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