Por BEJA SANTOS - Vai para 70 anos e o Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry continua a encantar graúdos e petizes. Há razões de sobra para que este idílio se renove espontaneamente: as metáforas em que o mundo é nossa casa, em que a felicidade dos seres humanos é diretamente proporcional ao cuidado e dedicação a pessoas, animais, fauna e flora, em se saber ser terno como amiudadamente é referido: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos”. E se a leitura é magnífica, num texto económico que ganha luminosidade com as próprias ilustrações daquele grande escritor que até foi piloto de guerra, está aberto o convite para explorar todas as potencialidades de o livro e a sua imorredoira mensagem chegarem aos mais novos. Em belíssima edição, o Principezinho transforma-se em livro com puzzles, ajuntam-se as peças e as mensagens de doçura e daquilo que hoje podíamos chamar desenvolvimento sustentável são da melhor apreensão pedagógica: “Era uma vez um Principezinho que vivia num planeta que era pouco maior do que ele: lá havia muitos vulcões. Se fossem limpos com regularidade, podiam ser usados para cozinhar. Nesse planeta também havia algumas plantas. O Principezinho gostava especialmente da sua flor vermelha. Para ele, ela era única em todo o universo e ele satisfazia todos os desejos”. Saint-Exupéry privilegiou o primado da simplicidade: há grandes viagens que só precisam de coração e pernas, de uma confiança inexcedível que supere os desertos para descobrir jardins e o cheiro de roseiras em flor. Este Principezinho surge a um aviador cuja aeronave se avariou no deserto, tem o condão de uma fábula, quem lê e quem imagina nunca está só, tem uma carga de reserva contra a adversidade. O Principezinho pede ao piloto: “Desenha-me uma ovelha”. O piloto desenhou três ovelhas, mas nenhuma delas era como o Principezinho tinha imaginado. Então o piloto desenhou uma pequena caixa e explicou ao príncipe que a sua ovelha estava dentro da caixa. O Principezinho estava feliz. “Era exatamente assim que a queria”, exclamou ele. Porque o que está dentro da caixa é exatamente o que nós queremos pôr a desenrolar da nossa imaginação, é rio estuante, não paga impostos, é sempre alguma companhia.
Toda esta história para graúdos e petizes tem um real poder ecológico, ecuménico, há uma lufada de pensamento e ação dos franciscanos, o Principezinho não fala só com a flor vermelha nem com as rosas, encontrou uma raposa e até conheceu uma serpente, e há uma combinação prodigiosa entre todos estes elementos, os asteroides, as estrelas, o seu pequeno planeta, a limpeza dos vulcões, as viagens efabuladas, a felicidade que supera todos os contratos mercantis, como se escreve: “Nenhum jardim de flores conseguia substituir a sua querida flor. Ele ficou cheio de saudades e assim começou a caminhar para casa. De volta ao seu planeta, tratou carinhosamente da sua flor, todos os dias limpou os vulcões e falou com a sua pequena ovelha que tinha trazido na sua caixa. E sempre que sentia vontade de viajar, observava o céu estrelado”. Aquele Principezinho contentava-se com as coisas mais simples da Terra, adorava ouvir as estrelas durante a noite. Fizera viagens e ganhara amigos novos. Estamos a falar de uma edição belíssima, “Livro com puzzles, O Principezinho”, adaptação para crianças do clássico de Antoine Saint-Exupéry, edição de O Arco de Diana, chancela de A Esfera dos Livros, com puzzles se alcança em fantasia o pequeno planeta de onde se avista pássaros e se cozinha nos vulcões, se passeia nos roseirais e se espairece com velhinhas à volta, se sobem píncaros e se pode dizer alto e bom som: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos”. E no termo de uma viagem da mais exaltante imaginação, o Principezinho volta ao seu planeta, faz arrumações, senta-se e observa o céu estrelado como qualquer um de nós basta sentir vontade de viajar e a fantasia põe-se em marcha. Resta saber se este livro com puzzles destinado aos mais pequenos não é também uma preciosidade editorial para os mais velhos… UA-48111120-1
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