Olhar para dentro Fontaínhas Fernandes não tem dúvidas: as universidades têm um papel fundamental no desenvolvimento das regiões. Façamos a viagem até ao norte de Portugal e dentro do norte, a Trás-os-Montes e Alto Douro e, ainda mais dentro, ao campus universitário da UTAD. É onde se foca a atenção de Fontaínhas Fernandes, sempre em trânsito pelo resto do país, multiplicando-se entre viagens e encontros de trabalho. O futuro do país e em especial do norte, também passa pela UTAD, acredita e defende o reitor. “O historial e a capacidade de adaptação demonstrada ao longo da sua existência, permitem-nos acreditar que o reforço da massa crítica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro poderá traduzir-se numa instituição mais interventiva, permitindo assim ampliar o seu contributo no desenvolvimento social, cultural e económico de um Interior deprimido.” Para Fontaínhas Fernandes, não se pode reivindicar mais solidariedade à Europa, se não se olhar, em primeiro lugar, para dentro de casa. “Não podemos ficar alheios às mencionadas disparidades regionais e à perda de massa crítica que se vem registando em regiões deprimidas. Todos temos de multiplicar as vozes contra o excesso de centralismo reinante, quer da órbita nacional, quer da órbita regional, de modo a que as forças centrípetas se sobreponham às centrífugas e assim se consiga um desenvolvimento regional mais equilibrado.” O facto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro estar implementada em Vila Real, coração de Trás-os-Montes, não pode ser um problema, mas sim, um passo para a solução de uma região deprimida: “num processo de desenvolvimento económico e social equilibrado do país, é determinante deixar de ver as instituições de ensino superior do “Arco do Interior”, que se localizam em regiões de baixa densidade como sendo um problema. Deste modo, tenho defendido que a Estratégia Portugal 2020 e os respetivos Planos Regionais devem acomodar a utilização dos fundos comunitários em estratégias de apoio às instituições do “Arco do Interior” como uma prioridade, designadamente na organização de um programa estruturado de desenvolvimento, de inovação e de empreendedorismo com impacto potencial em áreas estratégicas para a região e o país”, defende Fontaínhas Fernandes. Por isso, acredita o reitor, o futuro da região, passa obrigatoriamente pelo futuro da UTAD, mas conjugado no plural.
Universidades em rede Um plural que já começou a ser desenhado em conjunto com as universidades do Porto e do Minho, aquando da formalização de um memorando de entendimento entre as três universidades, tendo como objetivo a apresentação de projetos comuns ao programa europeu 2020. Um memorando apadrinhado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte – CCDR-N. “A criação de um consórcio entre as Universidades do Norte foi favorecida pela proximidade geográfica e pelas diversas experiências de colaboração desenvolvidas no passado recente. Este novo quadro irá permitir aprofundar espaços de cooperação institucional, visando articular meios humanos e recursos materiais que permitam responder aos novos desafios em diferentes níveis, seja de atração de estudantes e investigadores estrangeiros, seja ao nível de investimentos infraestruturais e do aproveitamento de oportunidades de crescimento”, explica o reitor. Mesmo com as universidades a trabalharem em conjunto, a fortalecerem a posição que ocupam no norte do país, há espaço para os politécnicos, acredita Fontaínhas Fernandes. E dá o exemplo do Instituto Politécnico de Bragança: “a UTAD e o Instituto Politécnico de Bragança estão a desenvolver uma estratégia para o espaço Interior Norte, em articulação com as comunidades Intermunicipais do Douro, de Trás-os-Montes e do Tâmega, sob a coordenação da CCDR-N.” Na opinião do reitor, as universidades devem também articular-se com outras instituições, defendendo que todos cabem num norte mais forte: “0 trabalho de articulação entre as Universidades do Norte não é incompatível com o aprofundamento de estratégias de afirmação de cada instituição. Este cenário permite promover iniciativas de cooperação estratégica de geometria variável, envolvendo outras instituições do Interior Norte e mesmo de natureza transfronteiriça. Pode, de igual modo, envolver dinâmicas com as outras instituições da região, que permitam explorar outras oportunidades em contexto regional.” Para o reitor da UTAD as universidades são um motor chave na mudança do paradigma de desenvolvimento económico e social do país. “Podem contribuir de forma decisiva, para que este desafio seja vencido e que as fragilidades estruturais da competitividade do país e das empresas sejam ultrapassadas.” A esperança de fixar gente O tempo é de crise e de exigência para a sociedade portuguesa mas o reitor acredita que é também o tempo da UTAD e das restantes universidades do interior do país mostrarem que conseguem ajudar a encontrar a solução. Haja bons olhos por parte do governo central: “entendo que no âmbito das políticas públicas, estas instituições merecem ser apoiadas como âncoras de fixação de população, de criação de emprego e pelo seu papel na diminuição das assimetrias regionais.” O interior do país tem cada vez menos gente, serviços que encerram e baixa atividade económica. Ainda assim, o reitor da UTAD recusa-se a uma visão pessimista do futuro. “As regiões do interior têm recursos que podem ser aproveitados e valorizados em matéria de desenvolvimento, devendo a capacidade instalada nas instituições de ensino superior ser utilizada em estratégias de incentivo para a deslocação e a fixação de jovens no interior.” E, na opinião de Fontaínhas Fernandes, os fundos comunitários têm que ser uma ajuda: “os programas operacionais suportados por fundos comunitários deverão ser utilizados em estratégias que visem a redução das disparidades de desenvolvimento económico, de coesão social e territorial ao nível da dicotomia entre o litoral e o interior, entre as áreas urbanas e as áreas rurais.” Fé no novo quadro comunitário Cada vez com menos serviços públicos, o interior apresenta-se como um desafio para a UTAD. “No novo quadro que está a ser desenhado, a UTAD assumirá um papel relevante enquanto vértice interior do triângulo que integra o consórcio das Universidades públicas do Norte, potenciando complementaridades ao nível da oferta educativa, da atividade de investigação e de valorização de conhecimento em áreas com impacto económico no espaço interior Norte, afirmando-se como uma universidade em rede”. A esperança, está no novo quadro comunitário: “o novo quadro comunitário assente nas vertentes do Crescimento Inteligente (a inovação), Sustentável (o ambiente) e Inclusivo (as pessoas), assumindo uma aposta clara na inovação e na criação de emprego a plasmar nas estratégias nacionais e regionais, deve contemplar mais apoios e maior taxa de comparticipação para os territórios de baixa densidade. A economia do conhecimento e a valorização dos recursos endógenos regionais tem de ser a aposta chave no próximo quadro comunitário, visando diminuir a perda de população com consequências no mencionado encerramento de serviços.” A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tem cerca de 7 mil alunos e mil funcionários, entre corpo docente e não docente. O futuro da UTAD, já aqui se escreveu, está ligado ao futuro do Norte. Ou vice-versa. Assim entende o reitor António Fontaínhas Fernandes, que desde o verão de 2013 está à frente dos destinos da UTAD. No entanto, que Universidade se pode esperar daqui a 10 anos? “Ambiciona-se uma universidade sustentável comprometida com o futuro dos estudantes, da região, do país e com dimensão internacional, envolvendo programas de ensino, formação, investigação e extensão de base interdisciplinar focados no desenvolvimento sustentável da região, enquanto agente de coesão e desenvolvimento territorial, juntando vontades e energias com múltiplos parceiros, do local ao global.”
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