O Tâmega e Sousa perdeu mais de um terço dos partos em apenas uma década e é uma das razões porque a maternidade da região corre o risco de desaparecer a curto prazo, como deixa antever a polémica portaria de reclassificação hospitalar que o Governo publicou há dias e quer implementar até ao fim de 2015. Os números não enganam: nos anos de 2002 e 2003, as duas maternidades da região – Padre Américo, em Penafiel e S. Gonçalo, em Amarante – registaram 3780 e 3692 partos, respetivamente. No ano passado, a maternidade do Centro Hospitalar assistiu apenas 2354 nascimentos. Menos 1426 partos que em 2002! Em 2007 já o decréscimo de natalidade começava a notar-se fortemente na região, mesmo depois do encerramento do bloco de partos em Amarante, em 05 de dezembro de 2006, em linha com a demografia.
A expectativa, na altura, com a fusão das duas maternidades é que viessem a realizar-se cerca de quatro mil nascimentos/ano mas o número de partos contabilizado no final de 2007 na maternidade única, em Penafiel, não foi além de 3177, apesar deste número poder indiciar alguma dispersão das parturientes de Amarante, algumas para o Porto mas sobretudo para Vila Real. Em 2008, o número de partos ainda cresceu ligeiramente (3207), mas decresceu no ano seguinte (3051). No ano de 2010 a maternidade volta a recuperar (3177) para nos anos seguintes cair consecutivamente, em linha com a crise que se agudizava no país: 2863 (2011), 2617 (2012) e 2354 (2013). Realidade a que não é possível escapar: em 2013 nasceram na região menos 1426 bebés que há 11 anos. Apesar da dureza dos números estes nem sequer surpreendem. Além disso, não podem ser associados à saída do Município de Paredes da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa para a Área Metropolitana do Porto porquanto a esmagadora maioria das parturientes daquele concelho teve os filhos no bloco de partos de Penafiel, bastante mais acessível, devido à sua localização a pouco mais de três quilómetros da sede do concelho, do que qualquer outra maternidade do Grande Porto. Redução de natalidade ajustada à demografia O saldo demográfico do Tâmega e Sousa foi muito positivo na década de 90 mas não conseguiu manter esse crescimento na primeira década do novo século. Mesmo os concelhos “mais jovens”, como são conhecidos Paredes, Lousada e até Paços de Ferreira, abrandaram e ficaram aquém do esperado, segundo revela o Censos de 2011. Ainda assim, Lousada, Paredes e Paços de Ferreira apresentaram crescimento, percentualmente mais relevante em Lousada, se tomarmos em conta os Censos de 1991, 2001 e 2011, que permitem comparação tendo por base valores reais e não estimados. O caso de Amarante é ainda mais negativo: foi o único dos concelhos de maior dimensão no Tâmega e Sousa a perder população entre 2001 e 2011 (perto de 3400 habitantes) e regressou aos valores que apresentava em 1991 (na casa dos 56 mil habitantes). Enquanto a situação económica do país não melhorar será difícil que os índices de natalidade recuperem, quer no Tâmega e Sousa quer no resto do país. Variação da população nos principais Municípios do Tâmega e Sousa, em 20 anos: UA-48111120-1
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Outubro 2016
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