SAÚDE: Rastreio do cancro da mama "vai chegar em breve a toda a população", anuncia presidente da Liga Contra o Cancro

O Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRNLPCC) está fortemente comprometido com o rastreio do cancro da mama na sua área geográfica, que abrange os distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. Segundo o seu presidente, em entrevista à revista Mais Norte, Vítor Veloso, neste momento, “só” 82% da população-alvo está coberta. “Esperamos nos próximos 18 meses ter a população rastreada”, disse. A instituição tem 15 unidades móveis para essa tarefa, percorrendo toda a região. “Cada uma custa cerca de 400 mil euros. É tudo top”. 
O responsável explicou ainda que o NRLPCC só faz esse rastreio porque não tem capacidade para mais. Também dispõe, nas suas instalações, de “um lar unicamente destinado a doentes do IPO que se encontram em tratamento ambulatório”. Tem capacidade para 50 pessoas.

Tudo pelos doentes, com a ajuda de um “voluntariado muitíssimo forte”

Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRNLPCC). É um nome grande, sim, mas está de acordo com a obra desenvolvida em várias frentes. “É uma instituição que só existe porque existem doentes oncológicos”, sintetiza o seu diretor desde há seis anos, o médico oncologista Vítor Veloso, quando questionado pela nossa revista sobre o que é o NRNLPCC – que este ano completa 50 anos.

“O principal papel é, sem dúvida alguma, apoiar os doentes oncológicos, nomeadamente os mais carenciados” e as suas famílias, desde logo porque “a conjuntura económica e social não é nada simpática”, reforçou Vítor Veloso em declarações prestadas à Mais Norte. Esse apoio centra-se na vertente “psico emocional e também económica”. Para tal o NRNLPCC conta um “braço armado” próprio: um “voluntariado muitíssimo forte”, garantido por, sensivelmente, 450 pessoas, segundo Vítor Veloso.

Os voluntários “trabalham diariamente no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto”, a que Vítor Veloso presidiu durante mais de dez anos. “Há uma ligação muito grande e saudável” entre as duas instituições, continuou o mesmo responsável. “Sempre houve uma ligação muito grande entre as duas instituições. Aliás, o IPO não teria existido sem a Liga”, que surgiu primeiro, historiou Vítor Veloso. “Quem cedeu parte dos terrenos onde o IPO tem as suas instalações foi a Liga. Ainda há muito pouco tempo cedemos terrenos para a construção da Unidade de Radioterapia” do instituto, exemplificou, reforçando assim a relação umbilical entre este e a Liga.

Os voluntários ocupam-se do “acolhimento e do acompanhamento” dos doentes que ali vão, oferecendo-lhes um apoio que pode ajudar a amenizar o impacto causado por uma doença que mata 42 mil pessoas por ano em Portugal, segundo a Liga. Não é uma tarefa fácil. “Exigem cada vez mais dos profissionais de saúde e cada vez há mais doentes e menos profissionais”, o que faz com que estes, segundo Vítor Veloso, tenham “cada vez menos tempo para acudirem a essa parte psicológica e emocional”. “É aí que o voluntariado desempenha um papel central”, reforça o médico.

Mas o Núcleo Regional do Norte não se fica por esse serviço. Tem uma consulta gratuita de psico oncologia nas suas instalações, perto da Areosa (Porto), dispondo ainda de pólos em Barcelos, Bragança e Vila Real, “para não obrigar os doentes a deslocarem-se à sede”. Há casos em que a doença provoca danos colaterais muito críticos, por exemplo quando um único indivíduo sustenta o seu agregado familiar e tem cancro. Por vezes, é “a catástrofe total para a sua família”, que de um momento para outro pode “passar de uma vida razoável para a pobreza”.