O novo terminal de cruzeiros do porto de Leixões tem um cais de 340 metros operacional desde abril de 2011, faltando-lhe porém uma peça essencial: a gare para os passageiros desembarcarem e embarcarem nas melhores condições. O edifício está quase pronto e impõe- se pela sua estrutura curvilínea. “Fica pronto entre setembro e outubro”, disse à Mais Norte o presidente da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), Brogueira Dias. A gare do novo terminal “vai custar 50 milhões de euros”. Fundos comunitários pagam 50% e dinheiros nacionais pagam outros 50%. Dinheiros nacionais? Numa altura em que o investimento público tem fraca popularidade, Brogueira Dias responde: “Podem estar assossegados”. São dinheiros “da empresa, unicamente e exclusivamente da empresa”, conclui. Leixões tem capacidade para isso? “Tem que ter. Aqui em Leixões há duas premissas: não andamos em nenhum terreno pantanoso e fazemos estudos para ver se temos arcaboiço e capacidade” de fazer investimentos considerados necessários. É por isso que o “novo terminal de contentores está a ser estudado há cinco anos”, exemplifica Brogueira Dias, adiantando que esse terminal irá ficar “junto ao porto de pesca”, mantendo-se este no local (ver texto à parte). Por ora, fiquemo-nos pelo terminal de passageiros. A APDL afirma estar “a fazer pontaria” para que a inauguração oficial do edifício ocorra em “princípio de dezembro”. Nessa altura, já ele estará a funcionar a cem por cento. O terminal será então “uma unidade”. O cais já lá está. Tem 340 metros, está operacional há dois anos e meio e consegue receber navios de cruzeiros com 300 metros de comprimento. Essa obra começou primeiro permitindo assim a Leixões captar navios de grande porte. “Não tínhamos espaços para os colocar. Já fizemos mais de 100 escalas dentro desse terminal”, realça Brogueira Dias. O edifício, um projeto do arquiteto Luís Pedro Silva, é o complemento indispensável, porque permite o chamado “turnaround” (cruzeiros iniciados ou terminados nos portos nacionais) e o apoio necessário aos grandes paquetes. Há poucas semanas passou por lá um com 2.500 passageiros e 1.000 tripulantes. “Essas pessoas têm que ser controladas, à saída e à entrada,
têm que ter serviços de apoio, “check-in” de bagagens, alfândegas” e outros serviços que só o novo edifício proporciona. “Em trânsito, não temos limite de passageiros. Em “turnaround”, neste momento, não temos capacidade de fazer “check- in” para mais de 600 pessoas, e já é com muita boa vontade”. Com a nova estação, será possível movimentar “até 2.500 pessoas” ao mesmo tempo. Com o terminal completo, a APDL espera receber “100/120 escalas anuais de navios de cruzeiros”, o que para Brogueira Dias “será bom”. O responsável afirma que “a parte interior do edifício já está concluída, mas não está ainda utilizável” por motivos relacionados com o seu revestimento exterior, que originou “uma situação um pouco delicada”. Brogueira Dias explica-se: “O tipo de recobrimento é diferente do normal: são mosaicos cerâmicos esquisitos, o edifício já é arredondado, aquilo são azulejos tridimensionais, têm uma colocação muito específica, tudo aquilo custa dinheiro e tempo e houve também alguma dificuldade no arranque, porque a firma que os ia colocar não se aguentou”. A APDL recorreu então à Vista Alegre, que não só aceitou o desafio como criou uma linha própria. “É ela que os está a fornecer”. “Vai dar para as encomendas” Hoje, a sustentabilidade é algo sagrado. É condição necessária para qualquer projeto sair do papel. O novo terminal de cruzeiros do porto de Leixões avançou porque passou nesse teste. “Pelos nossos estudos, vai dar para as encomendas. Dentro do negócio portuário, não é dos mais lucrativos, mas é autossuficiente. Não dá encargo adicional para a empresa”. Por outro lado, tem impacto sobre a economia regional, beneficiando, nomeadamente, o setor turístico local e da região. Tal impacto, de acordo com a APDL, pode chegar a “14 milhões de euros anuais daqui a três anos”. “O passageiro, em média, aqui em Leixões, gasta entre 50 a 70 euros por estadia. Multiplique isto por 100 mil passageiros por ano”, propõe Brogueira Dias. Mas esse valor pode aumentar no futuro se Leixões passar a ser um porto “turnaround”, permitindo assim que os passageiros se desloquem para a região dois ou três dias antes do cruzeiro começar, para a conhecer. “Os navios nunca estão em nenhum porto mais do que um dia, mas as pessoas podem vir dois ou três dias antes para um cruzeiro com início em Leixões”. É nesse “campeonato” que a APDL quer jogar, o que seria economicamente interessante para a empresa e para a região. O novo terminal de cruzeiros é a infraestrutura que falta a Leixões para ser um porto completo? O presidente da APDL diz que “faltam sempre” outros equipamentos, porque a área dos transportes marítimos “tem um dinamismo tal que é impossível conseguir fazer uma previsão a médio ou a longo prazo”. Os planos estratégicos das empresas deste setor com horizontes acima dos cinco anos arriscam-se a ser ultrapassados. “O último plano estratégico que fizemos foi de 2009 a 2015 e hoje todo ele já está concluído. O terminal de cruzeiros e a plataforma logística estão dentro dessa programação”, o que, para aquele responsável, se deveu também à “pressão” feita do exterior. “Hoje em dia, estamos é a preparar a revisão do plano estratégico com uma visão, para já, mais concreta até 2020”, informa Brogueira Dias. Mas é provável, antecipa, que o seu horizonte tenha de ir até 2025. Uma velha tradição O novo terminal de cruzeiros é um “complemento de uma tradição que Leixões tem desde sempre”, apoiada por “uma estação muito antiga de passageiros, de ótima qualidade e muito bem enquadrada”. Trata-se de um edifício situado no lado norte do porto, em Leça da Palmeira, construído em madeira, nos anos 60 do século passado, e considerado monumento municipal. Há “um setor dentro dos cruzeiros que prefere e privilegia até a utilização dessa unidade, porque tem a sua história e uma ligação direta com Leça da Palmeira – e que nunca descartaremos”. Em junho, Leixões recebeu quatro navios de cruzeiros em simultâneo. “Isso obriga- nos a utilizar todas as capacidades e todos os cantos que tenhamos para acomodar este tipo de navios”. “Este novo terminal de cruzeiros completa uma malha de oferta neste setor de cruzeiros, que está em crescendo a nível mundial – assistindo-se a ‘um boom’. Tem sido dos setores do turismo que mais têm crescido e esta zona atlântica que esteve sempre mais afastada destas artes mais lúdicas. Normalmente fala- se mais do Mediterrâneo, do Báltico e das Caraíbas, que são os três polos principais. Isto aqui fica um bocadinho na charneira. Quem vai do Mediterrâneo para o Báltico passa por aqui” e por vezes escala Leixões, que é, neste segmento turístico, “um subproduto”. Nos últimos anos, contudo, o panorama alterou-se muito. Em ligação com a frente atlântica, “foi criado mesmo um projeto europeu – Cruise Atlantic Europe – que a APDL liderou e que vai desde Lisboa até à Irlanda”. O objetivo passa agora por “procurar ver nesta frente quais são as potencialidades para criar massa crítica” e ter uma zona que, não tendo a mesma pujança do Mediterrâneo ou das Caraíbas, tem clientela própria. “Portanto, em vez de ser apenas uma zona de passagem, passar a ser uma zona de raiz para ter linhas regulares de cruzeiros. Isto mete no mapa estes portos da fachada atlântica (Leixões, incluído)”. Brogueira Dias frisa que o projeto “correu bem, permitiu criar algumas raízes e vai potenciar estes portos”. A APDL acredita que, com o novo serviço, Leixões está apto a fazer parte da rota internacional do turismo de cruzeiros. “Tem todas as condições. Dentro de dois ou três anos estamos a contar chegar muito próximo dos 130, 150 mil passageiros por ano. Para a unidade que temos aqui, é considerado interessante”. O cais e a gare antigas, no lado norte, continuarão operacionais, servindo “uma clientela própria”, que se desloca em “navios mais pequenos e se dedicam, nomeadamente aos cruzeiros para zonas vinhateiras”. “São indivíduos que vêm mais tempo e com mais dinheiro, que gostam de ir ver as quintas. São nichos de mercado que interessa acarinhar”, considera Brogueira Dias. “O que nos faltava era uma unidade específica para esta área de negócio, que permitisse fazer aquilo que até hoje, dificilmente, conseguimos fazer”, ou seja, transformar Leixões num porto de chegada e partida para navios de cruzeiro, em vez de ser só uma escala. “Porque o grande problema hoje em dia é isso: são navios de passagem, fazem aqui uma escala de um dia, entram de manhã e à tarde estão a sair outra vez. A disponibilidade de meia dúzia de horas vai dar para os passageiros, como nós costumamos dizer, darem a voltinha dos tristes. Andam por aqui num circuito de 20 ou 30 quilómetros, vão ver as coisas históricas que lhes interessam, vão às caves buscar a garrafa de vinho do Porto e trazem um ou outro produto de artesanato ou coisa parecida e desaparecem”. (Imagens cedidas pela APDL) UA-48111120-1
Raquel Silva Matos
5/1/2015 02:50:26 pm
Seria possível indicar para onde mandar o meu curriculum para me candidatar:
Mais Norte Respondeu:
26/2/2015 06:57:17 am
Deve entrar na página da APDL: http://www.apdl.pt/candidaturas
Cristóvão ferreira
29/1/2015 12:45:47 am
Gostaria de saber como me candidatar para concorrer a um espaço comercial dentro do terminal de passageiros.Trabalhei e trabalho em navios de cruzeiro.Tenho um projecto muito interessante e viável para implementar nesse espaço.
Mais Norte respondeu:
26/2/2015 06:56:46 am
Deve entrar na página da APDL: http://www.apdl.pt/candidaturas
Americo Fonseca
26/2/2015 04:59:47 am
Seria possível indicar para onde mandar o meu curriculum para me candidatar:
Mais Norte Respondeu
26/2/2015 06:57:54 am
Deve entrar na página da APDL: http://www.apdl.pt/candidaturas Os comentários estão fechados.
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