Governo anuncia dois troços do IC35 'prioritários', autarcas do Marco e Penafiel satisfeitos

As notícias sobre a construção do IC35 – ou simplesmente da variante à EN106, entre Penafiel e Entre-os-Rios – não deixam de ser estranhamente contraditórias. De um lado, o Governo no seu plano de projetos prioritários, agora revisto e divulgado, inclui dois troços da antiga concessão IC35 (além do troço de Penafiel foi também incluído um de ligação entre Arouca e a A1), de outro, assiste-se a declarações de deputados do CDS/PP a referir que não há dinheiro e que só haverá obra se a União Europeia apoiar. Esta, ainda recentemente, disse que não financiaria projetos rodoviários em Portugal, nem sequer os de ligação a eixos estruturantes, chamados de “last mile”.

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No documento estratégico, o Governo aponta o lançamento do concurso ainda este ano e o arranque da sua construção em 2015. Mas como promessas destas já foram feitas inúmeras vezes, ninguém tem a certeza se é para levar a sério…

De acordo com o “PETI3+2 – que pode ler aqui (documento em PDF) – a conclusão da variante à saturada EN106 terá lugar no segundo semestre de 2017. O investimento estimado é de 23 milhões de euros, com um financiamento comunitário de 18 milhões.

Penafiel e Marco satisfeitos com o anúncio

O anúncio da ligação de 12 km entre Penafiel e Entre-os-Rios é uma “excelente notícia” para o presidente da Câmara de Penafiel, Antonino Sousa, que lidera aquele município deste outubro e foi eleito pela coligação PSD/CDS, que de já era vereador nos mandatos anteriores.

“É uma excelente notícia e motivo de grande satisfação para a região”, afirmou o autarca penafidelense, citado pela Lusa, que acrescentou ser uma “luz no fundo do túnel”.

O autarca considera ainda significativo que o Governo tenha fixado a calendarização da obra e mostra-se convencido que o Estado português conseguirá convencer a Comissão Europeia a financiar a obra, apesar das declarações em sentido contrário de uma porta-voz da CE divulgadas há poucos dias.

No início do mês, a Comissão Europeia, através da porta-voz para assuntos de política regional, Shirin Wheeler, avisou que Bruxelas não está disponível para financiar, através do Quadro Comunitário de Apoio 2014-2020, quaisquer novas infra-estruturas rodoviárias em Portugal.

Shirin Wheeler respondeu com um “não” quando abordada sobre a questão por jornalistas portugueses à questão da abertura desta excepção à regra da aplicação exclusiva dos fundos regionais em quatro áreas prioritárias para vigorar neste novo Quadro de Apoio. “Não seria bom abrir um precedente nesta matéria”, justificou.

CDS/PP diz que não há dinheiro nacional

Entretanto, numa visita ao Marco de Canaveses na segunda-feira, a deputada do CDS Cecília Meireles avisou que o Estado não tem dinheiro para o IC35 e que a estrada só será construída se tiver fundos comunitários.

“O Estado português não tem esse dinheiro porque, pura e simplesmente, não existe", enfatizou, citada pela Lusa.

Também a Câmara do Marco de Canaveses já veio publicamente congratular-se com a decisão do Governo de considerar esta via prioritária – a par deste concelho e Penafiel, a via servirá ainda Cinfães e Castelo de Paiva – considerando tratar-se de “Uma obra estruturante de proximidade, há muito reivindicada por esta Câmara Municipal, dada a sua importância por questões de segurança de pessoas e bens, mas sobretudo por ser uma via fundamental para as empresas do sector da extracção, transformação e comercialização do granito, localizadas no baixo-concelho do Marco de Canaveses, que necessitam desta via para colocar de forma mais rápida, segura e frequente os seus produtos no Porto de Leixões, exportando-os para todo o mundo”.

Esta variante «permitirá trazer maior competitividade, eficiência e menos custos às empresas do Marco de Canaveses e da Região, o que é muito positivo. As nossas empresas têm de crescer e para isso precisam de ferramentas e de oportunidades que façam jus a todo o seu trabalho e esforço, ao seu know-how e qualidade, reconhecidos a nível nacional e internacional», sublinha o comunicado da autarquia liderada por Manuel Moreira. 

Além desta estrada em Penafiel, o Governo considerou também estratégico um outro troço incluído na antiga concessão do IC35: a variante Arouca/Santa Maria da Feira, com ligação à Autoestrada 1, uma obra com 23 km de extensão.

(Fotos Google)