O capitão de Abril Vasco Lourenço prometeu não ir às comemorações oficiais e cumpriu. Fez o discurso que queria proferir no Parlamento mas no Largo do Carmo, em Lisboa, rodeado por milhares de pessoas, que encheram um dos palcos da Revolução de 1974. Ao capitão de Abril juntaram-se Mário Soares, Otelo, Manuel Alegre e João Semedo, um dos líderes do Bloco de Esquerda, entre muitas outras figuras da democracia. No seu discurso, o presidente da Associação 25 de Abril defendeu que é preciso “apear o Governo”, de preferência por iniciativa do Presidente da República, que acusou de continuar a ser "mero assistente passivo ou mesmo conivente". Durante a evocação a Salgueiro Maia, Vasco Lourenço defendeu também que é preciso "retornar às Presidências de boa memória de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio". "Ou muda urgentemente de política e inverte o caminho de submissão, austeridade e empobrecimento do país, ou este Governo tem de ser apeado sem hesitação", disse o capitão de Abril, citado pela Lusa. A referência a Cavaco Silva provocou apupos entre os milhares de pessoas que estavam presentes no Largo do Carmo. Cavaco Silva apela a entendimentos
Entretanto, nas cerimónias oficiais na Assembleia da República, Cavaco Silva voltou a apelar a entendimentos entre os principais interlocutores políticos e deixou ainda recomendações, na senda do que fez nas últimas visitas pelo país, acerca da reforma do Estado. O Chefe de Estado insistiu em que existe na sociedade uma “insatisfação crescente com o funcionamento do nosso sistema político", e instou os partidos a fazer "uma reflexão serena, mas urgente" sobre as suas causas, lembrando-lhes que isso acabará também por afetar a vida partidária. Cavaco Silva considerou que o 25 de Abril "não foi feito para dividir os portugueses, mas para uni-los em torno de um desígnio comum" e criticou o que chama de “uma prática política de crispação e conflito”. "Ou persistimos numa visão de curto prazo, olhando para aquilo que nos divide, ou pensamos Portugal numa perspetiva de futuro, partindo daquilo que nos une”, sustentou Cavaco Silva. Seguro critica a nova “cortina de ferro” Por seu turno, os socialistas, pela voz do secretário-geral António José Seguro, elogiaram os capitães de Abril. "Obrigado capitães de Abril, obrigado pela vossa coragem, obrigado pela vossa generosidade, obrigado pelo vosso desprendimento”, afirmou o líder socialista. Seguro acusou os atuais governantes de nem sequer cumprirem as suas promessas – “prometem uma coisa e fazem outra" – e de ameaçarem a democracia, o Estado Social e o próprio ideal europeu. O líder do PS salientou o "maior ataque dos ultraliberais ao estado social e ao ideal europeu" e “a mão invisível de que os ultraliberais tanto falam tornou-se infelizmente bem visível na vida dos portugueses”. Seguro acrescentou: “Devemos lutar contra esta nova cortina de ferro com que tentam dividir-nos entre países cumpridores e países incumpridores." (Imagens Presidência da República] UA-48111120-1
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Outubro 2016
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