O comboio Celta que serve as cidades do Porto e Vigo vai fazer o percurso em pouco mais de uma hora e meia, depois das obras de eletrificação do troço de 70 km entre Nine e Valença (na linha do Minho) e dos cinco quilómetros de linha galega entre Guilharei e Tui. O anúncio foi feito há dias pelo secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro, numa entrevista concedida à agência espanhola EFE, que até avançou que isso será possível ainda em 2016, data tida como improvável e não coincidente com o calendário da REFER. Em junho, foi o presidente da CP a anunciar “que a eletrificação da linha do Minho, entre Valença e Nine, deverá arrancar em 2017, para estar concluída em 2019”. Nem sequer há projetos executados… "Já estamos a eletrificar a linha do Minho, com orçamento atribuído (…). A sua principal vantagem é que com o mesmo tipo de comboio, poderemos reduzir o tempo em 40 minutos - das duas horas e um quarto atuais a pouco mais de hora e meia - e inclusive cortar os custos de combustíveis, o que teoricamente nos permitiria inclusive descer o preço do bilhete", avançou o governante português à EFE. O secretário de Estado faz considerações sobre as prioridades ferroviárias do lado de Portugal e fala das opções do governo português no transporte das mercadorias. Na referida entrevista à agência de notícias espanhola, ainda sobre a linha do Minho, Monteiro apontou que "existirá investimento já em 2015", porque conta com verba própria no orçamento para o próximo ano. Informou ainda que a REFER avançará com o lanço entre Sines e Caia - município localizado junto à fronteira com Badajoz - para depois prosseguir com o troço até Lisboa. Segundo Sérgio Monteiro, os custos do projeto atual são três vezes inferiores aos do AVE e para Portugal "não compensa ter um pouco mais de velocidade" a esse preço. "Espanha foi um país amigo e entendeu as restrições orçamentais que enfrentávamos (nos últimos anos), mas agora precisamos de dar prioridade a este investimento", enfatizou Monteiro, que reconheceu que os trabalhos no país vizinho estão mais avançados. Datas para todos os gostos É habitual este frenesim de datas na calendarização das obras, mas sabe-se que a autorização dada à REFER pelo Ministério das Finanças para investir dois milhões de euros se destina “a encomendar os estudos e projetos com vista à eletrificação e reabilitação do troço Nine/Viana do Castelo/Valença da linha do Minho”. O tempo atual da viagem entre Porto e Vigo do comboio Celta é de cerca de duas horas e 15 minutos, com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine. O investimento na eletrificação permitirá reduzir o tempo da mesma viagem para 90 minutos. Além do pequeno troço do lado galego (que, segundo a EFE, já terá luz verde da ministra espanhola do Fomento) a proposta de modernização da linha também incluía novo material circulante – atualmente o serviço é feito com carruagens muito usadas e antigas da RENFE, além de muito ruidosas e desconfortáveis, que estão longe de ser um atrativo para turistas e outros passageiros – como ainda em junho terá sido prometido à associação transfronteiriça Eixo Atlântico. “Trata-se de um investimento reclamado há mais de dois anos pelo Eixo Atlântico, entidade que defende os interesses das 34 maiores cidades do norte de Portugal e da Galiza”. Segundo a associação transfronteiriça, a intervenção nos cerca de 70 quilómetros da ligação “consiste essencialmente na eletrificação, aquisição de novo material circulante, modernização e sinalização da linha, a qual serve o serviço ferroviário internacional entre Porto e Vigo (Espanha).” Sérgio Monteiro, contudo, veio agora dizer à EFE que o serviço é para fazer “com o mesmo tipo de comboio”, acenando com a baixa do tarifário. Número de passageiros terá aumentado desde o verão de 2013 Depois da reformulação do percurso e criação do Celta entre as duas cidades atlânticas, no verão de 2013, o tráfego de passageiros aumentou consideravelmente. Inicialmente o percurso era feito sem paragens mas agora o Celta recebe passageiros no Porto, em Nine, em Viana do Castelo e em Valença. Não são conhecidos números de passageiros transportados em 2014, mas no final de 2013, segundo fontes espanholas, a média chegava a cinco mil passageiros mensais, quase quatro vezes a média mensal anterior. Apesar disso, em termos de receitas, segundo noticiava em maio deste ano o jornal Público, o prejuízo acumulado em nove meses do Celta atingia 1,2 milhões de euros. Como desde o verão deste ano o comboio passou a fazer as novas paragens, admite-se que tenha conseguido conquistar mais alguns passageiros, mas a CP não tem revelado o número de bilhetes vendidos. Os prejuízos são suportados solidariamente entre as duas transportadoras ferroviárias ibéricas – CP e RENFE. (Fotos/Atlantico.net e ferroticias.es) UA-48111120-1
1 Comentário
luis pereira
20/8/2015 12:43:03 pm
As gafes & enganos do secretário estado sérgio sousa monteiro são "infinitas" ao ponto de a propósito da LTM entre o porto de Sines e a fronteira do Caia confundir o concelho de Elvas com a freguesia do Caia, incrível !!
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