DOURO VERDE: Dolmen debateu com parceiros a Estratégia 2014-2020 em Quintandona (Penafiel)30/6/2014 ![]() Prosseguindo o processo de auscultação dos agentes do território, cruzados com os saberes académicos, para a elaboração da estratégia do desenvolvimento do território do Douro Verde, no período de programação de 2014-2020 dos próximos fundos comunitários, a Dolmen, em colaboração com a sua congénere Adersousa, das Terras do Sousa, juntou na Aldeia de Quintandona atores do território, especialistas e a experiência das boas-práticas para discutir os “Núcleos Populacionais em meio rural: Formas, saberes e valores». A discussão sobre a governação, as oportunidades e os desafios dos territórios rurais, tendo como horizonte a programação dos próximos fundos comunitários e o desenvolvimento do Território Douro Verde, foi uma vez mais o mote para, num contexto informal, cruzar conhecimentos internos e exteriores à região. Novamente a discussão sobre a governação, as oportunidades e os desafios dos territórios rurais centrou as questões que o tema dos núcleos populacionais rurais levantam, e para apresentar diferentes perspetivas e e experiências foram convidados: Angel Miramontes, da Universidade de Santiago de Compostela, Carla Melo, da Quartenaire, empresa de consultoria que colaborou com a A.T.A. – Associação de Turismo de Aldeia, entidade responsável pelo projeto Aldeias de Portugal, que interveio na Aldeia de Quintandona, bem como em diversas outras espalhadas pelo território do Douro Verde, e do Norte de Portugal, e Belmiro Barbosa Pereira, da Associação de Desenvolvimento de Quintandona, e ex-presidente da Junta de Freguesia de Lagares, Penafiel. O debate decorreu na Casa do Xiné, um pequeno teatro em Quintandona, uma aldeia intervencionada numa parceria com a Adersousa. Nas boas-vindas, tanto José Sousa Guedes, técnico da Adersousa, como Susana Oliveira, Vice-presidente da Câmara Municipal de Penafiel e Vice-presidente da Adersousa, agradeceram a escolha de Quintandona para a realização de um dos serões: «Estamos muito satisfeitos por a Dólmen reconhecer a Aldeia de Quintandona como um bom exemplo, e servir como espaço de discussão nestes Serões. A Dólmen teve a feliz ideia de organizar esta iniciativa, estes serões de aldeia, que nos tem levado a discutir sobre temáticas que importam a todos, de forma direta ou indiretamente, e denota a preocupação em dinamizar o nosso território, em sair para “fora de portas”, para estar junto da comunidade, para sentir aquelas que são as preocupações e as necessidades da população para o desenvolvimento daquele seu território», disse Susana Oliveira. Referindo-se em concreto à experiência de revitalização da aldeia de Quintandona, e dando um contributo inicial ao debate, Susana Oliveira referiu que tendo o projeto de revitalização desta aldeia começado em 2003, «estamos numa fase de consolidação, importa referir que a mais-valia deste projeto foi o conjunto de sinergias que toda a comunidade soube juntar – desde a população, ao grupo de teatro que se formou, aos comediantes, as pessoas que decidiram investir nesta aldeia, como a Casa Valxisto, o Winebar, e outros, a própria festa do Caldo de Quintandona, a Junta de Freguesia, a Associação para a Promoção de Quintandona, a Associação de Desenvolvimento de Lagares, o Município e a Adersousa -, num esforço conjunto muito grande, para que esta aldeia fosse aquilo que é hoje e podemos ver, e que é hoje um núcleo vivo do Museu Municipal, e é algo que nos orgulha.»
Ainda na receção aos convidados e participantes, Telmo Pinto, Presidente da Dolmen, falou da escolha daquele espaço: «Escolhemos esta aldeia de Quintandona, porque no Norte do país é uma referência de como se faz desenvolvimento numa pequena aldeia e de como se valoriza tanto as pessoas como o património existente, e por constituir um exemplo para aldeias que nos nossos concelhos podem ser trabalhadas e potenciadas.» Feitas as apresentações dos oradores e a introdução a mais uma Edição dos Serões de Aldeia e á temática, coube a Angel Miramontes, da Universidade de Santiago de Compostela, apresentar uma realidade muito próxima da vivida nos núcleos populacionais em meio rural do Norte de Portuguesa, que é a da Galiza, em Espanha: «o território da Galiza está dividido em 4 províncias, em 315 concelhos e 800 paróquias, e estas paróquias eram as que sustentavam a vida rural e davam vida ao mundo rural. O que acontece é que estas paróquias perderam a sua população, perdendo de seguida as atividades comerciais, e isso é um problema, não se sabe se foi primeiro a deterioração do meio rural ou se foi a deterioração da identidade, da capacidade de ordenação do território que tinha esta identidade, e então a paróquia como entidade de ordenação foi fundamental.» Da sua apresentação salientam-se ainda a centralidade do desenvolvimento das atividades agrícola e florestal na manutenção e revitalização dos espaços rurais: «É necessário legislar o tipo de atividades que é possível desenvolver nas áreas rurais, acrescentar outros elementos além das atividades florestais e agrárias, como o artesanato, o turismo rural, energias renováveis, a implementação das denominações de origem nas plantações agrárias. (…) Há que trabalhar nesses temas, analisando as vocações e caraterísticas próprias de cada aldeia.» Afirmando que é necessário encontrar soluções para modificar a tendência de abandono das explorações, e os problemas da população idosa, referiu que as questões devem ser vistas também a um nível europeu: «É também importante mostrar que à escala europeia há a vinculação que existia entre população e espaço rural. Na atualidade isso está a fracionar-se. As populações rurais nos espaços rurais mantinham laços de união muito fortes e isso era o que permitia que esses territórios se mantivessem vivos e desenvolvidos.» Representando a Quartenaire, empresa de consultoria que colaborou com a A.T.A. – Associação de Turismo de Aldeia, entidade responsável pelo projeto Aldeias de Portugal, que no território do Douro Verde interveio nas aldeias de Boassas, Porto Manso, Almofrela, Lugar de Rua, Ovelhinha, Tongobriga e Canaveses, Carla Melo focou a sua intervenção nos pontos críticos da intervenção em aldeias, através de medidas como o AGRIS, os LEADER, o PRODER: «Identificamos quatro fatores críticos que são essenciais, e começando logo pela questão da continuidade. O que verificamos é que ao contrário de políticas públicas desenvolvidas para outros setores, as políticas públicas que se traduzem em incentivos financeiros têm apesar de tudo mantido uma linha de continuidade que nos parece fazer toda a diferença, nomeadamente neste tipo de territórios.» Prosseguindo, Carla Melo identificou também a coerência, por um lado: «Parece-nos que a coerência que existe por um lado com a estratégia, e por outro com a ferramenta que é colocada para os agentes locais, sejam eles públicos ou privados e lhes permite consubstanciar e contribuir para os objetivos dessas mesmas estratégias, que são mais felizes quanto mais adequados e coerentes são.» Por outro: «a capacidade de dar resposta aos desafios muito específicos deste tipo de territórios, começando logo pela demografia e a capacidade de se fixar as pessoas; a injeção de rendimentos; a geração de negócios; de empregos; a capacidade de empreender neste tipo de territórios; a capacitação institucional; a própria valorização da paisagem ambiental e arquitetónica; e a valorização dos recursos endógenos.» «A capacidade de introduzir nestes núcleos rurais, e na sua gestão, ferramentas de gestão e comunicação mais inovadoras, quer seja através das parcerias, ou por exemplo as centrais de reservas para os alojamentos turísticos, ou questões mais comuns como a comunicação ou a internet e as redes sociais.» Por fim, evidenciou o papel das lideranças ativas no processo de revitalização destas aldeias, «que conseguem motivar, servir de ponte e facilitar alguns que nestas coisas é preciso, entre a população, as associações de desenvolvimento local, as câmaras municipais, e quando há alguém que torne essa liderança como um fator conciliador de vontades e de recuperação dos núcleos rurais, aí nota-se que os resultados são mais evidentes.» Enquanto exemplo de liderança ativa, seguiu-se a intervenção de Belmiro Barbosa Pereira, da Associação de Desenvolvimento de Quintandona e ex-Presidente da Junta de Freguesia de Lagares, que descreveu um pouco do que foi a experiência da aldeia, porque «fizemos alguma coisa que se iniciou e foi feita uma caminhada que tem ainda muito para fazer, como dizia o Sr.º Professor no inicio que quem não está aqui para aprender pode morrer amanhã e nós temos que continuar aprender para poder continuar a fazer o que ainda está por fazer.» «Esta aldeia estava quase abandonada, tinha algumas pessoas aqui a morar mas tinha más condições em termos das infraestruturas e caminhos e outras infraestruturas que eram necessárias. Um dia o Sr.º Presidente da Câmara, Dr.º Alberto Santos, estava há dois anos no início do seu mandato e veio aqui e chamou-me, já eu era Presidente da Junta nessa altura quando ele veio para a câmara, e com ele aqui decidimos avançar com a recuperação. A primeira coisa que fizemos foi envolver a população, porque aqui achamos importante a população ser envolvida, (…) contatar todas as pessoas que cá moravam e sensibiliza-las de que era importante a recuperação desta aldeia», contou Belmiro Barbosa Pereira. Do trabalho de envolvimento da população e da dinamização gerada, Belmiro Pereira, lembrou o trabalho do grupo de teatro e da Casa do Xiné: «Na altura, quando já tínhamos iniciado este trabalho de recuperação nasceu aqui o grupo de teatro, e esse grupo de teatro ajudou a criar a dinâmica que nós aqui queríamos. Portanto, o grupo de teatro apareceu na fase em que nós iniciamos esta recuperação o teatro e ajudou a criar dinâmica - nós fazíamos aqui à noite teatros, as pessoas vinham aqui ao teatro, no fim comíamos o caldo para curar todas as feridas que este teatro nos mostrava, dos males que cá existiam e fomos assim criando a dinâmica da própria aldeia -, (…) conseguimos fazer esta recuperação até que compramos esta casa onde nos encontramos, que era uma casa de um senhor chamado Xiné, e por isso é se chama Casa do Xiné - era uma casa de habitação mas depois com a ajuda do Sr.º Jorge Melo, que nos ajudou, cedeu um bocado de terreno ao lado e nós conseguimos alargar este edifício e construímos o edifício e que foi a primeira fase que foi a AGRIS, a segunda fase foi com o LEADER+ e depois ainda tivemos uma parte do QREN para completar os trabalhos.» Rematando, Belmiro Pereira, deu mais alguns exemplos do trabalho desenvolvido: «Isto foi um trabalho feito ao longo dos anos e aquilo que nós queríamos era criar vida na aldeia. Demos à aldeia a vida que ela tinha, damos mais vida e a partir daí os próprios moradores, os próprios investidores começaram a criar aqui instrumentos e para que isto se tornar não só uma aldeia viva de pessoas, mas também com condições em termos de turismo rural, em termos culturais, - temos um programa cultural neste edifício, já há um programa quase semanal -, portanto temos aqui atividades quer de teatro, quer de música, e isto levou-nos depois à Festa do Caldo de Quintandona que foi outra dinâmica que criamos e vamos na oitava edição da Festa do Caldo, envolvendo também desta forma os moradores.» Estando quase a terminar este conjunto de sessões, a última desta edição será na próxima quinta feira, na Quinta do Outeiro, Anreade, Resende, e tem como tema «Por montanhas e vales: Qualidade ambiental, termalismo e desenvolvimento.» UA-48111120-1
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